por Aline Oliveira, Técnica Programa Formação
No mês de abril de 2023 o Instituto Fazendo História, em parceria com o Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente (CONDECA) – SP, realizou a oficina: “O trabalho com histórias de vida” na cidade de Guarulhos e Campinas. Tivemos como convidadas as profissionais, Stéfani Dias Leite - graduada em História e atualmente mestranda em História pela Unifesp, atua também como formadora do Museu da Pessoa em diferentes projetos do Educativo e como pesquisadora com bolsa FAPESP e Fernanda Gomes- Assistente Social, atriz e mestranda no Programa de Pós Graduação em Humanidades, Direitos e outras Legitimidades- FFLCH-USP. Atualmente é formadora do Museu da Pessoa. Criadora e produtora do Documentário Eu sou a Próxima, criadora, atriz e diretora do curta "Perfume de cândida".
Tivemos também a presença da profissional Iara Caldeira do Amaral, Psicóloga formada pela PUC-SP, com atuação na área clínica e social, faz parte do coletivo 'Odô – consultoria criativa' e do Coletivo Margens Clínicas pela REM (Rede de Escutas Marginais). É facilitadora de grupos, atende adolescentes e adultos no consultório particular, e é professora de Yoga.
As profissionais Stéfani e Fernanda iniciaram a oficina apresentando o Museu da pessoa, indicando que o acervo do museu é composto pelas histórias de vida, que toda e qualquer pessoa pode estar, bem como a importância das histórias enquanto patrimônio. “A obra de arte do museu é a narrativa oral de cada um que compartilha a sua história" e que “trabalhar com essas histórias de vida também é trabalhar memoria”.
A partir dessa explanação as profissionais convidadas realizaram uma sensibilização dos profissionais presentes com uma metodologia utilizada pelo Museu da pessoa - as rodas de histórias. Após a finalização das rodas, relacionaram os recursos presentes na roda de história, como escuta com o trabalho dos profissionais nos serviços de acolhimento e destacaram que “a importância do trabalho com histórias de vida e da escuta ativa é conseguir criar laços”.
O segundo momento da oficina, foi conduzido pela profissional Iara, que após o aquecimento do grupo, resgatou a vivência corporal para falar sobre a importância da percepção do corpo no trabalho com histórias de vida.
Iniciou sua explanação indicando que o trabalho com histórias de vida deve ser construído a partir da chegada da criança e ou adolescente no serviço e como se dão os encontros a partir de então.
Apresentou o conceito de “Sankofa”, que se trata de um conceito de origem africana e também conhecido como Adinkra – conjunto de ideograma que conta a história de um povo. Indica que “Sankofa” fala sobre olhar para trás e que nesse sentido ao pensar o trabalho com histórias de vida e histórico do acolhimento no Brasil, é necessário olhar para nossa constituição enquanto pais.
Iara contextualizou a construção das infâncias a partir dos marcos históricos, indicado o processo de apagamento das vivências desse público, bem como as marcas do processo de escravização, destacando que devemos considerar esse contexto do passado, para que possamos olhar e fazer a escuta atual desses sujeitos.
Lembra-nos que o trabalho com histórias de vida está previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) em seu artigo 100 e que devemos olhar para trás e nos questionar como estamos garantido esse direito no cotidiano de trabalho com crianças e adolescentes acolhidos. A profissional reconhece ser um desafio o trabalho com histórias de vida num contexto coletivo, mas indica a importância do olhar singular e ressalta que cada criança e adolescente é único.
Compartilhou recursos para o trabalho com historia de vida como a escuta e leitura do cotidiano e abordou sobre o trabalho do Programa Fazendo História e metodologia, apontado como uma estratégia para viabilizar e garantir a privacidade e direito a verdade no contexto de acolhimento, a profissional também destacou a importância de se considerar o território como parte do trabalho com historias de vida.