No mês de julho de 2023, o Instituto Fazendo História, em parceria com o Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente (CONDECA) – SP, realizou a oficina: “O trabalho com Famílias de Origem” na cidade de Guarulhos e Campinas. Tivemos como convidadas as profissionais: Gracielle Feitosa de Loiola, que atua nas áreas da assistência social e judiciária, mestre e doutora em Serviço Social pela PUC-SP, pesquisadora do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Crianças e Adolescentes - NCA/SGD e autora do livro: Produção sociojurídica de famílias "incapazes": do discurso da "não aderência" ao direito à proteção social, editora CRV, 2020; e Thais Berberian, graduação e mestrado em Serviço Social pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, com experiência profissional na política de saúde e no sociojurídico. Os principais temas de pesquisa de Berberian são a judicialização das expressões da questão social, a criminalização da pobreza e provocações sobre o uso do conceito negligência face ao Estado de desproteção social.

As profissionais iniciaram a oficina com duas dinâmicas com o grupo de profissionais presentes e realizaram uma explanação compartilhada, articulando os conceitos teóricos, a experiência de pesquisas e situações cotidianas de suas práticas profissionais.

Iniciaram trazendo a importância da intencionalidade no trabalho com famílias de origem, que deve ser acompanhada da flexibilidade, uma vez que os casos nos Serviços de Acolhimento já chegam tipificados, a depender dos motivos dos acolhimentos. Thais e Gracielle também trouxeram a reflexão sobre os modelos de famílias que estão presentes no imaginário dos profissionais que as atendem. Além disso, apontaram que o reconhecimento de famílias plurais deve ser para além das legislações, ou seja, por todos os profissionais que compõem a rede de atendimento para que as compreensões subjetivas e individuais não atravessem a relação com o outro nos atendimentos às famílias de origem.

Imagem da atividade.

Afirmam que outro ponto importante a ser refletido sobre a prática profissional é a elaboração do PIA (Plano Individual de Atendimento), que deve ter planos e metas acessíveis e possíveis para as famílias na qual os serviços atendem. Dentro de tais reflexões, é importante considerar e compreender o contexto histórico e os atravessamentos de raça, gênero e classe e quais as dimensões disso.

Outro aspecto importante levantado pelas convidadas foi sobre a importância da escuta profissional e como será materializada na elaboração de relatórios. Pontos de vista, lugares e vivências podem trazer aos profissionais visões únicas do que é vínculo, proteção e cuidado, podendo assim interferir na elaboração de relatórios e pareceres.

Finalizaram a explanação com a consideração sobre vínculo e a confiança para que as famílias de origem possam contar suas histórias. Destacam a importância da escuta qualificada, crítica e fora da lógica de “reajustar” as famílias e para isso é relevante que a comunicação seja sempre ético política, ou seja, sem ameaças, mentiras e intimidações.


Assista à oficina na íntegra:

OFICINA - 13/07/2023 - O TRABALHO COM FAMÍLIAS DE ORIGEM - CONDECA GUARULHOS