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Oficina "O papel do educador"

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Oficina "O papel do educador"

No dia 17 de maio de 2022, o Instituto Fazendo História realizou a oficina online “O papel do educador”, que contou com a participação de Tião Rocha, antropólogo, educador popular, folclorista e idealizador e diretor-presidente do Centro Popular de Cultura e Desenvolvimento (CPCD) e do Banco de Êxitos S/A – Solidariedade e Autonomia, ambos em Belo Horizonte/MG.

Tião inicia dizendo que esse encontro era muito mais do que uma palestra: seria um espaço de troca de confidências, desejos, sonhos e frustrações. Esperava, assim, que aquele dia, como dizia Guimarães Rosa, fosse uma “tarde barriguda”, um momento de acolhimento e de suporte, onde se pudesse pensar sobre coisas boas pelas quais vale a pena lutar.

Em seguida, Tião conta de sua trajetória de muitos anos como professor e de um dos “clarões” que teve há 40 anos, um lampejo de consciência tão forte que o fez mudar de rumo na vida: chegou na Universidade e decidiu que não queria mais ser professor, e sim educador. Para ele, enquanto o professor é aquele que ensina, o educador é aquele que aprende. E era exatamente o que buscava: sair do lugar da “ensinagem” para ir para a aprendizagem, quando rompe com a universidade para se tornar um aprendiz.

Foi nesse momento que ele criou a sua própria instituição, o CPCD, ao qual hoje se dedica integralmente e que reencaminhou o seu sentido de existir. Tião vai narrando uma série de causos e histórias marcantes em seu percurso, partindo da experiência de Curvelo (MG), “capital da literatura” de Guimarães Rosa e seu grande laboratório de aprendizagem, onde se junta com parte da comunidade, interessado em repensar as formas de educar.

Se perguntavam se era possível educar fora da escola, debaixo dos pés de manga, e, de início, tinham muito claro aquilo que não queriam mais que acontecesse com as crianças, os “não objetivos educacionais”, mas tinham dificuldade de projeção de futuro. Ele faz, então, uma crítica à nossa experiência educacional tradicional, a qual deveríamos desaprender, parando de reproduzir ideias que entendem as crianças como “páginas em branco prontas para escrever um belo livro”, que negam sua história de vida e sabedoria e atrelam o aprendizado a algo doloroso.

Tião conta dos erros e acertos em sua caminhada, criando estratégias para que as meninas e os meninos da região se sentissem pertencentes ao projeto, de modo que todas as propostas que traziam fossem incluídas e todos assuntos fossem transformados em coletivos. Nesse percurso, ampliaram-se os espaços educativos para diferentes lugares da comunidade. Os conteúdos englobavam todos os saberes, fazeres e quereres das crianças envolvidas e a forma de aprendizado se dava primordialmente por meio da roda, o que chamaram de Pedagogia da Roda: não havia “dono”, ela se movia a partir dos assuntos propostos e, assim, da construção de consensos.

Ao apresentar o que considera uma educação de qualidade, Tião enfatiza a necessidade do eu e do outro, como um processo de troca do que cada um tem, construindo-se algo novo, em conjunto. E que para formar bons educadores - o que já fez pelo mundo e em lugares inusitados, desde a periferia de São Paulo até Moçambique - é essencial todos se colocarem no lugar de aprendizes, movidos a perguntas. Na construção do projeto “Ser Criança”, experimentaram uma proposta na qual as meninas e meninos aprendiam tudo o que queriam, desejavam e precisavam brincando.

O investimento estava no prazer de aprender, transformando os conteúdos escolares em jogos e brinquedos, que eram inventados, partindo dos materiais descartáveis que encontravam na comunidade. A grande questão que se colocava era: de quantas maneiras diferentes e inovadoras eu posso usar um recurso? E assim, contemplar diferentes individualidades e diferentes objetivos educacionais, como a alfabetização e a construção de uma cidade educadora, para que ninguém ficasse de fora?

Nesse momento, Tião aborda aspectos fundamentais do trabalho de um educador, como a importância de se desenvolver um olhar individualizado para cada criança e adolescente, percebendo o tempo e o ritmo de cada um: toda criança aprende o que necessita, em um tempo que é dela e não do sistema. Em sua concepção, um bom educador é aquele que, em seu contexto profissional de ação, consegue fazer uma leitura tão densa, rica e significativa do que o outro sabe, faz e quer a ponto de diferenciar “piscadela de piscadela”, considerando aquilo que é microscópico e se manifesta em “pequenos nadas”. E que, assim, contribui para que esse processo se dê em um lugar de alegria, de prazer e de construção do novo. A oficina de cafuné, por exemplo, surgiu quando se identificou que não fazia parte da rotina de muitos adolescentes essa prática de carinho, inventando um espaço para se falar de afetos e cuidado um com o outro.

Nos últimos trinta minutos de encontro, abrimos para os participantes trazerem questões para a troca com Tião, quando se discutiu o lugar do educar dentro dos Serviços de Acolhimento e a importância de um olhar individualizado para cada uma das crianças e adolescentes, captando seus sinais, códigos, o universo que os rodeia e, assim, suas histórias como um todo. Tião levanta a ideia da cidade como educadora e acolhedora e, nessa perspectiva, como as crianças devem ser cuidadas por todos e responsabilidade de todos, “convocando a aldeia” e investindo nas potencialidades de cada um. Parafraseando Eduardo Galeano em “O livro dos Abraços”, ele traz que é quando o educador reconhece o “me ajuda a olhar” da criança e do adolescente e integra ao seu “me ensina o que você viu” que um diálogo de fato se estabelece e surge a possibilidade de um processo transformador.

A oficina finaliza com uma reflexão bem interessante sobre o educador como aquele que inventa sua forma de fazer, sendo mais que “um repassador das ideias dos outros”, e realizando o ainda não feito: aquele que olha o outro como um cidadão inteiro, que participa da construção do conhecimento. Ao dialogar com um educador que se apresenta, Tião parabeniza pelo trabalho que já é realizado nos Serviços de acolhimento, pela construção constante de cada profissional como educador, e ainda convida a ir além, quebrando paredes e convocando a rua, as comunidades para esse percurso de acolher e educar.

O conteúdo da oficina está integralmente disponível no canal do Instituto Fazendo História no YouTube.

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Oficina  - Agressividade e Limites

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Oficina - Agressividade e Limites

No dia 22 de novembro de 2021 foi realizada a oficina “Agressividade e Limites”, que contou com a participação das especialistas Ada Morgenstern, psicanalista, professora e supervisora do curso Psicanálise da Criança do Instituto Sedes Sapientiae, professora do COGEAE-PUCSP, artista plástica, e Valéria Pássaro, pedagoga, com especialização e larga experiência na área de educação e acolhimento. Foi coordenadora da Casa das Expedições, serviço de acolhimento em São Paulo, e, atualmente, diretora executiva da Moradia Associação Civil. A mediação foi realizada por Daniela Martins, psicóloga e técnica no Programa de Formação do Instituto Fazendo História.

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Oficina - Racismo e Infância

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Oficina - Racismo e Infância

No dia 30 de agosto o Instituto Fazendo História realizou a oficina “Racismo e Infância”, que contou com a participação da pedagoga Luciana Alves, mestre em educação pela USP, doutoranda em educação na UNICAMP e consultora no Centro de Estudos e Relações de Trabalho e Desigualdades (CEERT) e autora do livro “Ser branco” e de artigos científicos sobre relações raciais e da psicóloga Marleide Soares, que trabalhou com adolescentes em medidas socioeducativas e com crianças e adolescentes em acolhimento institucional e realiza palestras e aulas na temática do racismo na infância e orientações a famílias e educadores para o enfrentamento do racismo.

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O papel do educador nos serviços de acolhimento

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O papel do educador nos serviços de acolhimento

Desde que os serviços de acolhimento deixaram de ser orfanatos, cujo trabalho não existia uma preocupação com a formação integral da criança, o dia-a-dia nessas instituições busca ser o mais parecido possível com o de uma família. E essa nova visão sobre a acolhida de crianças e adolescentes levou logicamente a uma mudança sobre o papel de quem cuida deles. Assim, todo adulto que trabalha com essas crianças é muito mais do que um funcionário, um monitor ou simples instrutor, como já foram chamados. Todos eles são educadores, no sentido mais amplo do termo.

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 "Empatia na educação" é tema de publicação desenvolvida pela Ashoka e Instituto Alana

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"Empatia na educação" é tema de publicação desenvolvida pela Ashoka e Instituto Alana

O valor da empatia reativa o interesse pelas pessoas que nos cercam e, dessa maneira, desenvolver relações harmônicas, pois às vezes as preocupações e a correria do dia a dia nos levam a centrar-nos em nós mesmos e a tornar-nos indiferentes diante dos outros. Diversos autores, palestrantes e acadêmicos já falam da empatia como algo necessário num mundo tão individualista. Recentemente, foi a vez de estudiosos da educação pensarem o tema  e o inserirem no cotidiano das escolas do Brasil.

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Pensando nisso, a Ashoka e o Instituto Alana desenvolveram a publicação "A importância da empatia na Educação". Composta por nove artigos, o livro é fruto de uma roda de conversa realizada entre os autores, que decidiram sistematizar os debates em forma de textos.

Os artigos falam em "importância da famílias na escola", resolução de conflitos cotidianos, transformação social, solidariedade, entre outros temas. 

Com a publicação, espera-se contribuir para que educadores, artistas, pais, coordenadores de centros culturais, diretores de escolas e demais profissionais comprometidos com a formação de crianças e jovens participem do debate sobre a importância de promover a empatia como um valor e uma competência primordial.

A ideia da leitura é que as reflexões despertem inquietações e ações que contribuam para práticas educativas que não separem inteligência emocional e intelectual, pois elas vivem juntas. E que esse entendimento seja disseminado e defendido por todos aqueles que acreditam num mundo mais amigável.

Para fazer o download da publicação, clique aqui

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