No dia 24 de janeiro de 2015, foi realizada a oficina “Acolhimento de bebês: Práticas e Reflexões”, com a participação das especialistas Cristina Seguim, psicanalista e membro do grupo Acesso do Instituto Sedes Sapientiae, e Beia Lunardelli, instrutora de massagem infantil. Nesta ocasião, foi realizado o lançamento da publicação “O acolhimento de bebês: práticas e reflexões compartilhadas”, organizada pelo Instituto Fazendo História.

Cristina iniciou sua fala enfatizando a importância do ambiente, nos primeiros anos de vida do bebê, para o desenvolvimento saudável dos vínculos, auto-estima e autonomia. Partindo da concepção Winnicotiana, para que haja um bom desenvolvimento dos bebês, é importante que haja uma relação de proteção e segurança exercidos por um adulto. Essa relação é nomeada função materna ou maternagem, que pode ser realizada tanto por homens quanto mulheres, e possui um papel fundamental na constituição psicoafetiva do bebê.

É muito importante haver um equilíbrio no exercício desta função, de forma que a maternagem seja suficientemente boa - não ocorrendo nem de maneira demasiada e superprotetora, e nem ausente na relação com o bebê - possibilitando assim o desenvolvimento da autonomia e crescimento saudáveis.

Como desenvolver uma maternagem suficientemente boa no contexto do acolhimento?

O abrigo pode ser um lugar de ressignificação de experiências traumáticas. Na rotina das instituições, sobretudo no contexto do acolhimento, é importante que haja uma identidade com relação aos cuidados dos bebês, para que estes não fiquem a mercê da rotatividade dos educadores. Além disso, a rotina é importante para a estabilidade dos bebês, que tendem a não lidar bem com mudanças. Eleger alguns educadores que possam estar mais presentes no desenvolvimento de vínculos diminui a ansiedade dos bebês frente a constantes mudanças.

Além da constância, é importante que os cuidadores tenham identificação com estes cuidados, e que tenham disponibilidade afetiva para vincular-se. Estar atento à subjetividade dos bebês, gostos, comportamentos e choro, é importante para identificar possíveis sinais de sofrimento, que podem apresentar-se a partir da dificuldade de ingerir alimentos, de ter um bom sono, retraimento nos contatos, agitação motora, atrasos no desenvolvimento, adoecimentos constantes, alergias, entre outros.

Nos cuidados com os bebês, é importante considerar a subjetividade de cada um, e quebrar regras quando se percebe que eles ainda não estão preparados para lidar com elas. É importante considerar que regras são diferente da rotina, e os bebês precisam de rotina para se sentirem estáveis.

No contexto em as rupturas são frequentes e muitas vezes inevitáveis, é importante conversar com os bebês sobre elas, e possibilitar a realização de rituais de despedida, seja para os bebês, para as crianças e para os educadores que deixam e ficam na casa.

Como reflexões sobre o trabalho de educadores e técnicos do serviço de acolhimento com os bebês, Cristina ressaltou a importância de evitar julgamentos com relação às famílias, bem como o cuidado com os “não ditos”, e alinhamento entre a equipe.

Beia relatou que a massagem contribui para o vínculo entre pais e/ou cuidadores com o bebê, que se dá através do olhar, do toque, do cheiro, do som e etc. Relatou ainda que é importante estar atento aos sinais de engajamento que o bebê apresenta, que são positivos para a interação através da massagem, e as consequências negativas decorrentes da não percepção destes sinais para a interação.

 Beia também enfatizou a importância da continuidade dos cuidadores nos cuidados dos bebês para a organização e estabilidade emocional, além da importância de se conversar com os bebês e poder ajudá-los a nomear sentimentos.

 Após as apresentações das especialistas, os participantes reuniram-se em grupos para discutir sobre os desafios e boas práticas relacionadas aos cuidados com os bebês. As boas práticas emergidas dos grupos foram:

- Atuação multidisciplinar nos serviços (diferentes olhares)

- Criar oportunidades de brincar com as crianças na rotina

- Conversas com as crianças e famílias durante a aproximação para adoção

Para acessar o vídeo com os melhores momentos da Oficina, clique em:

https://www.youtube.com/watch?v=fa5qjVi5nck

 

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