A gerente técnica do IFH, Heloisa de Souza Dantas, junto com a coordenadora de pesquisa, Lara Naddeo, conversaram sobre acolhimento familiar com Instituto Brasileiro de Direito da Criança e do Adolescente (IBDCRIA-ABMP). A entrevista está no boletim da entidade.

Além delas, uma das famílias acolhedoras do IFH, Marcia e Alberto Ferreira, também contaram sobre a experiência de participar de um serviço de acolhimento familiar.

Confira alguns trechos:

IBDCRIA: Vocês têm expertise no trabalho com crianças e adolescentes institucionalizadas. Como entendem a importância do acolhimento familiar?

IFH: No nosso entendimento, o serviço de famílias acolhedoras não vem substituir o acolhimento institucional e acabar com os abrigos e casas lares, muito menos desmerecer os avanços no acolhimento institucional que tivemos nas últimas décadas. A questão é que o acolhimento de crianças e adolescentes no Brasil sempre esteve pautado na lógica da institucionalização e segregação, e ainda estamos longe de inverter isso. Ainda precisamos investir muito em medidas de prevenção do acolhimento, em metodologias para o retorno familiar, em programas de guarda subsidiada que possibilitam o cuidado pela família extensa da criança, em trabalho para a autonomia dos jovens, e em serviços de família acolhedora. Ou seja, promover e fortalecer serviços, programas e estratégias que garantam a convivência familiar e comunitária das crianças e adolescentes.

O acolhimento institucional em si não é necessariamente prejudicial ao desenvolvimento de bebês, crianças e adolescentes, desde que estejam presentes as condições necessárias para seu bom desenvolvimento. No entanto, apesar dos avanços na área do acolhimento, dos esforços para investir em recursos humanos e estrutura física, alguns aspectos intrínsecos ao cuidado institucional ainda não sofreram as transformações necessárias e podem impactar negativamente o desenvolvimento da criança e adolescente. A continuidade dos cuidados e a consistência das relações emocionais são condições básicas para um bom desenvolvimento, mas difíceis de serem sustentadas no contexto institucional, assim como a possibilidade de vivencias familiares e comunitárias, e a possibilidade de participação efetiva na rotina institucional.

Na prática, a rotatividade constante de funcionários e o fato de haver múltiplas demandas no cotidiano das instituições comprometem a manutenção de um ambiente estável e o estabelecimento de vínculos duradouros.

O “famílias acolhedoras” tem se revelado um serviço que proporciona de fato um cuidado individualizado e propiciado vivências familiares e comunitárias ricas. E os benefícios são muitos: o estabelecimento de vínculos estáveis, um ambiente onde a criança e o adolescente possam ser olhados em sua individualidade, a possibilidade de um trabalho para a autonomia dos jovens que podem participar de uma vida familiar e doméstica, transições mais cuidadas para o retorno familiar e adoção, e um maior investimento na família de origem. Segundo o Censo SUAS, as crianças e adolescentes ficam menos tempo acolhidos em serviços de família acolhedora, em comparação com o acolhimento institucional.

Para conferir o material completo, clique AQUI

LEIA TAMBÉM: